De quem é a culpa, do PROFESSOR ser tão desvalorizado, desrespeitado e humilhado pelos governantes e a sociedade brasileira?
Veja como o Estado de Alagoas está tratando o seu Professor!
É comum, sobretudo em período eleitoral, você ver frases de efeito sobre o Professor como:
“Professor é quem forma todas as profissões”;
“Professor é um profissional que deveria ganhar muito bem”;
“Professores, vocês são a força do conhecimento que nos conduz aos maiores sucessos;
“Agradecer aos Professores é um dever de todos”;
“A influência de um bom Professor jamais poderá ser apagada”;
“Se eu não fosse imperador, desejaria ser Professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro.” D. Pedro II.
Entre muitas outras. … Tudo hipocrisia.
Mas, como o Professor está sendo tratado nas Escolas do Estado de Alagoas? Veja alguns exemplos:
• Com advento da pandemia da covid-19 em março de 2020, o Professor foi entregue a própria sorte, tendo que bancar, retirando do seu mísero salário sem reajuste há anos, todo aparato tecnológico, internet, energia etc., além de ser obrigado a se reinventar para dar aulas online;
• Foi obrigado a fazer busca ativa, apostila, roteiro, acompanhamento, entre outros relatórios, manter atualizado os sistemas classromm, sageal e ainda dá aula pelo WhatsApp. Muitos foram contaminados pelo Coronavírus, venceram a covid-19, mas ficaram com sequelas graves, outros adquiriram comorbidades ou agravaram as que já possuíam, enquanto outros morreram;
• Foi imposto ao Professor voltar para a sala de aula presencial para o ensino híbrido, que nunca funcionou como prometeram que funcionaria;
• O Básico que seria a exigência dos protocolos de segurança nunca foi cumprido totalmente:
Na Escola Pedro Reys, por exemplo, onde eu trabalho, a começar pelo transporte escolar, ônibus chegam superlotados com alunos e pessoas da comunidade vindas dos Povoados, sem nenhum cuidado com a pandemia, a maioria sem máscara, aglomerados, e alguns motoristas, que deveriam dá exemplo, não fazem o uso adequado da máscara, e quando usa, a coloca de forma errada, cobrindo apenas o queixo. Não existe fiscalização por parte do Estado nem do Município, que é o responsável pelo transporte dos alunos, ficando naquele negócio a responsabilidade é do Município, e o Município por sua vez joga de volta é com o Estado.
Ao entrar na escola a maioria dos alunos colocam as máscaras, que logo retiram nos corredores, obrigando os coordenadores e diretores a estarem repreendendo esses alunos durante todo período de funcionamento da escola, sem contar os problemas históricos da escola como namoros picantes, uso de drogas, circulação de pessoas alheia ao ambiente escolar perturbando o andamento das aulas etc.
Falta álcool em gel na sala dos Professores, e o álcool 70, o discente precisa está pedindo aos coordenadores e vigias para reabastecer seus borrifadores que usam em sala de aula, a ponto de uma vez ter nos fornecido água sanitária no lugar de álcool.
Como se tudo isso não bastasse, essa semana o governo publicou a PORTARIA/SEDUC Nº 13.425/2021, que institui o retorno às aulas integralmente presenciais na Rede Pública de Ensino, a partir da próxima segunda-feira (08), sem ao menos ouvir os profissionais da educação, e sem a preocupação do cumprimento da portaria anterior que instituiu o modelo híbrido e com no mínimo 1m de distância entre os alunos. Se já estava difícil manter o distanciamento entre os alunos com 50% deles, imaginem como será com a sua totalidade?
Na última quarta-feira (03), em reunião informativa sobre o retorno das aulas 100% presenciais, uma equipe da gestão informou sobre a portaria do retorno da próxima segunda-feira, já dizendo, que as salas de aulas da escola por serem pequenas não comportam a totalidade dos alunos mantendo o distanciamento necessário, mas, que os Professores tinham que voltar, e continuar enviando o roteiro de estudo para a coordenação sem a distinção das presenciais e remotas.
Dói muito em mim, ter que criticar minha própria classe! Entre todos os/as Professores/as presentes na reunião pela manhã de quarta-feira (03), apenas o Profº Atiliano, se manifestou contrário a mais essa imposição do governo de Alagoas. Todos os outros presentes permaneceram calados e/ou manifestou-se a favor da imposição. A maioria valeu-se daquela máxima: Quem cala? …
Vários elementos argumentativos foram elencados pelo Prof. Atiliano como: O boicote a um Diário de Classe para dois Professores; A alimentação do Sageal, quando a escola não tinha internet nem computadores; Falta de internet; Materiais básicos; Protocolos de segurança; Alimentação dos sistemas sageal e classroom; Regime análogo à escravidão. Nada disso foi capaz de sensibilizar nem tirar os Professores/as presentes da inerte passividade. Naquele momento todos foram omissos aos problemas, mesmo eu sabendo, que alguns deles ficam pelos cantos, reclamando a um e a outro pelas pilastras da escola, falando pelos cotovelos, mas que na hora de expor a sua insatisfação, e a não concordância do que está sendo imposto de goela abaixo, preferem calar-se e aceitar tudo, sabendo que esse silencio já levou e ainda está levando a morte de muitos de nossos companheiros/as com a contaminação do coronavírus.
Sugeri fazer um documento para todos assinarem informando que a escola Pedro Reys não tem condições de receber todo alunado, fui ignorado por todo. Uma das representantes da gestão ainda disse que se saísse o documento assinado por todos, ela encaminharia, novamente, os presentes deram o silêncio como resposta.
Portanto, de quem é a culpa, do PROFESSOR ser tão desvalorizado, desrespeitado, massacrado e humilhado, perante aos governantes e a própria sociedade brasileira? RESPOSTA: “O PRÓPRIO PROFESSOR!”.
Viva o Professor omisso, e viva a escravidão.
Profº Atiliano João de Deus
Jornalista e Radialista
MTE Nº 1652/AL e 0991/AL